A Estudo de Cena, grupo que atua na construção de uma arte pública e popular fora das estruturas e parâmetros do mercado, está aqui para dizer, a quem queira saber, o que estamos fazendo. Agora você já pode puxar nossa ficha, lendo a CAPIVARA!

domingo, 5 de março de 2017

Capivara - março de 2017 (a primeira)

        É com muito orgulho e alegria que lançamos a primeira edição da CAPIVARA  Estudo de Cena!!!

     "'Puxar a capivara' é sinônimo de puxar a folha corrida, isto é, consultar a ficha de antecedentes criminais de alguém."

        Acompanhe nossa CAPIVARA e fique por dentro do que andamos aprontando pelas ruas!!!


Um pouco da nossa história... 


A Estudo de Cena iniciou sua pesquisa em 2005 na área do cinema. A partir de 2010 o grupo passa a se dedicar ao fazer teatral, sobretudo na rua, e desde então a pesquisa/criação jamais foi interrompida independente da existência de recursos financeiros.

Nos últimos seis anos a Estudo de Cena desenvolveu seu método de trabalho com procedimentos que se caracterizam pela transversalidade de temas e formas; pela junção de teoria e prática, sempre pautados por processos abertos ao público e ações artístico-pedagógicas. Assim foram criadas as peças Fulero Circo (2010), A farsa da justiça (2012), Guerras Desconhecidas (2014) e os experimentos cênicos Moscou em Chamas (2011), Tentativas sobre Fatzer (2015) e Rastro Vermelho (2015) que refletem o teatro engajado e esteticamente liberto à que nos propomos.

Outra característica importante da Estudo de Cena é a circulação em espaços não convencionais através da parceria com outros grupos de teatro, coletivos periféricos de atuação crítica, movimentos sociais e universidades. Este proceder nos coloca sempre em relação e não como grupo isolado. Nossa identidade se constrói nesta rede de intercâmbios políticos e estéticos.

A CAPIVARA surge como necessidade de um registro de nossas atividades de estudo, criação e formação. Sabemos da responsabilidade de não deixar que nossa história se perca.


2016 - Ano de golpe, sem grana mas botando pra quebrar!


Em 2016 a Estudo de Cena trabalhou de forma continuada sem nenhum apoio de edital público ou privado. Justamente neste ano, as forças conservadoras da política brasileira com o apoio da mídia golpista tomaram o poder e seguem numa escalada de ataques aos direitos básicos, desmanches de políticas sociais, sucateamento e privatização de serviços. 

Em resistência à esta conjuntura política o grupo produziu de forma autônoma a circulação da peça A farsa da justiça. No dia 17 de abril de 2016 completou 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (tema da peça). Neste mesmo dia ocorreu a votação que iniciou o processo de impeachment da então presidenta. A partir daí, realizamos apresentações gratuitas em quatro cidades do estado de São Paulo. Estivemos com os moradores de Pinheirinho em São José dos Campos, em ocupações urbanas de São Paulo, com estudantes da Unifesp e USP, junto à movimentos como Levante da Juventude, Terra Livre e MST.



        No mês de junho a Estudo de Cena foi convidada para apresentar as peças A farsa da justiça e Guerras Desconhecidas no Encontro Internacional de Teatro Político, na cidade de Maricá/RJ. Neste encontro passamos a integrar a Rede Internacional de Teatro e Sociedade, que reúne grupos do Uruguai, Argentina, Portugal e Índia.
      
No segundo semestre demos continuidade ao nosso trabalho com a realização de oficinas de teatro. Na Escola Nacional Florestan Fernandes a Estudo de Cena coordenou oficina com jovens de 11 países da América Latina. Os encontros resultaram no experimento cênico CANUDOS, que reuniu histórias de resistência popular de nosso continente entrelaçados com uma canção popular que versa sobre o cerco policial ao Arraial de Belo Monte. Na manhã de 04 de novembro, dia da apresentação, a escola foi cercada e invadida pela Polícia Militar. Tirando força produtiva do endurecimento do conservadorismo brasileiro mantivemos a apresentação no período da tarde, marcando de forma linda e utópica este processo.

Participamos do Projeto Solidariedade do Engenho Teatral, que reuniu 29 grupos de teatro. Neste projeto oferecemos gratuitamente a oficina Cangaços II, onde compartilhamos procedimentos de trabalho da Estudo de Cena. A oficina resultou no experimento cênico Feira de Cabeças.


        No início do mês de dezembro a Estudo de Cena participou do Festival de Teatro da Escuela de Teatro Político de Buenos Aires/ARG.  Além de conhecer e trocar procedimentos, estivemos na mesa “Arte e Política” junto com Lorena Verzero (professora UBA), o Carlos Fos (historiador e professor),  Clodet García (Coletivo Mujeres Artes Tomar) e Maria de los Ángeles Sanz, (Grupo TO de Argentina). 

Encerramos o ano de 2016 realizando o “I Encontro artístico-pedagógico de teatro de grupo” no Engenho Teatral . O encontro teve a presença de Rosário Ramalho (então Secretária de cultura), Luiz Carlos Moreira (Engenho Teatral), Juliana Bonassa (Coletivo de Cultura do MST) e demonstrações de oficinas de teatro da Estudo de Cena (Cangaços e ENFF), da Cia Antropofágica, do projeto Vocacional (da Secretária de Cultura da cidade de São Paulo) e do projeto Viva Arte (da Secretaria de Cultura da cidade de São Caetano do Sul).


2017 - Resistindo porque não esquecemos!


        O ano já começou com um aprofundamento de ataques da elite golpista que governa o país. Em São Paulo o prefeito anuncia o desmanche da política cultural conquistada com muita luta pela cidade, congelando 43,5% da verba do Orçamento da Secretaria de Cultura. Temos amigos perseguidos, nossos trabalhos cada vez mais precarizados e um certo receio em saber qual será a próxima manchete do jornal, pois todas as notícias mostram o que já dissemos em um dos nossos espetáculos: O capitalismo só pode nos oferecer o inferno, mais nada!

A Estudo de Cena está junto da Frente Única pelo Descongelamento! Buscando uma unidade entre as linguagens artísticas, defendemos que a Cultura é da cidade e não do prefeito. A política cultural, com todos os programas e leis, são conquistas de todos e todas que aqui moram!


        Na perspectiva da resistência, realizamos junto com as pessoas guerreiras da Oficina Cangaços II uma belíssima apresentação do experimento Feiras de Cabeças, no dia 18 de fevereiro no Engenho Teatral. E esses cangaceiros e cangaceiras seguem junto em nossas atividades.


        Já passou o carnaval e vemos diversas categorias se organizando para greves e lutas na defesa de seus direitos! A Estudo de Cena está na rua junto com os trabalhadores e trabalhadoras! 

2017 é centenário da Revolução Russa, é centenário da Greve Geral de 17! Não esqueceremos! 

São 120 anos da Guerra de Canudos! Não esqueceremos! 

Mais uma vez estamos junto dos parceiros do Cordão da Mentira, para não esquecer do primeiro de abril de 1964!

Assim como estaremos trazendo à memória os 21 mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás, que faz 21 anos no próximo 17 de abril!